sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Qual o tamanho da crise no Brasil?

Qual o tamanho da crise no Brasil? Nos EUA é maior em termos absolutos. Logo abaixo fiz um gráfico com PIB trimestral real (desazonalizado) do Brasil e dos Estados Unidos. Ambas as séries são oficiais. Estas estão expressas em números índices com a base no segundo trimestre de 2008.



Na outra figura, coloquei as mesmas séries acima, mas retirando a média de crescimento da economia americana. Nesta figura as séries começam um período antes de se ter retração na taxa de crescimento do produto.


As concluões são as seguintes:
  1. A profundidade relativa da crise é a mesma.
  2. O produto caiu relativamente mais do que o americano.
  3. Demorou mais a cair mas a queda foi mais acentuada.
  4. O Brasil parece ter uma recuperação mais rápida do que os Estados Unidos.
Obs: Não estou fazendo controle por população. O correto seria controlar pela população, mas num período tão curto a mudança populacional não deve afetar muito a análise.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

A Recessão Acabou?

Dia 11/09/09 o IBGE lançou uma nota com os dados preliminares do PIB do segundo trimestre de 2oo9. Entre outras coisas pode-se ler que o PIB apresentou crescimento positivo. Isso é bom. Anexando esta informação com o crescimento positivo de renda em outros mercados está sendo vendido que a crise acabou. Isso é bom.

O bom da divulgação destes dados do PIB é que a gente pode começar a fazer algumas análises com as séries brasileiras. Basicamente vou fazer algumas contas de elevador usando o PIB a preços de mercado, encadeado e desazonalizado (tal como obtido no site do SIDRA do IBGE).



Para fazer esta figura utilizamos o crescimento médio do PIB trimestral brasileiro entre 1996 e 2006 (usamos 1996 porque foi o dado mais antigo obtido no SIDRA). A taxa de crescimento médio do PIB foi de 0.68% por trimestre. Esta taxa não é ideal mas mostra pelo menos o desvio da média. Podemos tirar algumas poucas conclusões. Comparando com episódios recentes (pós-1994), a crise atual é a maior das recentes. Observamos também uma queda mais acentuada do produto. Portanto, ela é mais profunda do que os casos anteriores.

A crise acabou? Pode ser. O terceiro trimestre após um perído anterior pode marcar o piso de onde o PIB pode chegar. A recessão terminou? Ainda não. Ela termina quando tocar na linha de 100 no gráfico acima. Pode não demorar muito. Em geral produto que cai rápido pode crescer rápido. Mas dos episódios recentes, parece que a economia demorou muito tempo para retornar para a média de crescimento recente.

Um ponto que sempre ficamos em dúvida após uma crise é como a economia pode reagir. O histórico do Brasil desde os anos setenta é uma fraca recuperação. Para compararmos a eficiência da recuperação podemos comparar a variação do PIB trimestral contra a média de crescimento do PIB trimestral dos EUA (aqui usando uma série similar - índice encadeado, desazonalizado). A figura abaixo é a mesma anterior mas descontando o crescimento médio da economia americana entre 1996 e 2006.



A diferença desta figura para a anterior é a fraca recuperação da economia brasileira em comparação com a economia americana. Portanto, qual será a velocidade da recuperação da economia brasileira? Para tentar olhar para um foto um pouco mais ampla fiz uma figura com o PIB trimestral brasileiro e a média de crescimento 1996-2006 das economias brasileira e americana.

Nesta figura a gente mostra que mesmo o crescimento recente não tem sido espetacular. A linha vermelha é o PIB Brasileiro trimestral a preços de mercado, encadeado e desazonalizado. O que é interessante desta comparação é que a economia americana possui um crescimento regular. Se comparassemos com a China ou outro mercado emergente que cresce muito a distância seria maior. Portanto, um fato que quero observar após a recuperação econômica é qual será a média de crescimento da economia brasileira. Isto é, se ela sera abaixo ou maior-igual à fronteira tecnológica.